terça-feira, janeiro 31, 2006

INFIAS LAPIDE ROMANA


Ja me referi superficialmente a lapide romana de Infias,(arquivo 24 outubro 2005) hoje coloco uma foto da mesma, e algumas consideracoes acerca dela.
Devido aos muitos vestigios encontrados ninguem poe em duvida a existencia nesta povoacao de um aglomerado romano, os mais entendidos creem que aqui houve uma "Viccus" (aldeia romana).
Tambem esta comprovada a passagem nesta povoacao, de uma via romana, devendo ser a que de Viseu seguia a Linhares. Foram tambem encontradas algumas inscricoes romanas; uma com a palavra ALBONI, havendo quem avente a hipotese de ser o antigo nome da povoacao; uma ara votiva com a seguinte inscricao:
D.M.S.
MARCVS
MARINO
I.F.An.LX
CILEIA
YXOR
Desconheco onde se encontra esta ara, no entanto existe incorporada na fachada da igreja uma pequena lapide ao deus Mercurio que e a seguinte:
DEO MERCURI
APONIVS
SOSVMVS
A.L.V.S.
Ha quem opine que no sitio da igreja se situou um templo a Mercurio, mas o mais provavel sera que esta lapide se encontra-se junto a estrada romana (Mercurio era o patrono dos viajantes), e tivesse sido aproveitada na construcao do templo, talvez para cristianizar vestigios pagaos.
O toponimo Infias identifica um grupo de gente infiel, sera que estes infieis eram; Romanos, Judeus ou Mussulmanos?

AS PEDRAS E OS HOMENS - SEPULTURAS RUPESTRES


Continuando a referir-me as pedras moldadas por e para os homens, e, ainda na area da necreologica, vou-me hoje referir as sepulturas rupestres escavadas na rocha.
O concelho de Fornos de Algodres e bastante rico (quantitativamente) deste tipo de sepulturas, havendo-as de todos os tipos. Existem duas necropoles: Forcadas e Vila Ruiva da Serra, com mais de duas dezenas cada, varios grupos de duas e tres, e, bem assim varias isuladas, espalhadas por quase todas as freguesias do municipio, em 1993 ja estavam inventariadas setenta, tendo a partir dai sido identificadas outras mais.

A maior parte destes tumulos ja se encontram estudados e documentados, tendo sido publicadas algumas obras a eles referentes. Segundo os entendidos no municipio de Fornos encontram-se sepulturas de todas as epocas; retangulares, ovais, antropomorficas e de transicao, que dataram do seculo VII ao XII. Embora o nosso povo se refira a elas como: "covas" dos mouros ou dos romanos, os estudiosos afirmam que se trata de sepulturas cristas, dos primeiros seculos da religiao catolica. No entanto e estranho todas elas se situarem, em sitios bastante distantes dos mais antigos templos conhecidos da nossa regiao.

E provavel que todas as opinioes tenham algo de verdade, pois tudo parece indicar que sendo das datas opinadas, poderiam ter sido sepulturas de qualquer, daqueles povos, mas tambem poderiam ser de alguns povos barbaros que conquistaram o imperio romano, ou como eu ja sugeri noutro blog, poderiam muito bem ter sido sepulturas judaicas.

De mouros nao creio que sejam, pois as normas de sepultura daquela religiao, nao estao de acordo com este tipo de enterramento. De romanos tambem me parece que nao, pois este povo preticava um tipo de enterramento mais elaborado e normalmente colocavam lapides descritivas, ora nunca foi encontrada nenhuma junto delas. Cristas tampouco creio que sejam, nao so pela distancia dos templos medievais conhecidos, como pelo facto comprovado de que os cristaos, eram sepultados nesses tempos dentro e junto dos mesmos templos, e o facto comprovado, na necrople descoberta ao redor da igreja de Algodres, (igreja mais antiga) ha poucos anos atras.

Acerca do descredito da teoria "crista", so quero lembrar o seguinte: No ano passado enquanto proseguiam as obras, Na Praca Velha na cidade da Guarda, foram encontradas varias sepulturas, com a novidade de ainda terem restos mortais, coisa nova ate entao, isto pode (ou podia) ter contribuido para uma datacao mais fiavel, nao tenho no entanto conhecimento que isso tivesse sido feito. No entanto vieram os tecnicos afirmar na comunicacao social: Que eram sepulturas cristas, e, que estariam relacionadas com a Catedral, que se encontra junto a mesma praca. Aqui esta a contradicao, pois ou pensao que todos sao estupidos, ou entao sabendo tanto de arqueologia esqueceram-se de estudar historia.
Porque sendo estas sepulturas de entre os seculos VII e XII, de forma alguma poderiam estar relacionadas com a Catedral, primeiro porque a catedral so foi criada no seculo XII, tendo sido transferida da Idanha ou Egitanea, e, tendo tido a Guarda duas catedrais anteriores antes desta, nao se localizavam neste local, esta foi comecada a construir no seculo XIV e terminada no seculo XVI.

O que perto desta area existe desde epoca medieval, e sim a Judiaria da cidade mais alta. Pelo explanado e sem certezas, continuo aberto a varias hipoteses, e, nao creio que se possa categoricamente afirmar que sao sepulturas cristas. Eu pessoalmente estou mais inclinado que pelo facto, de ser um tipo de sepulturas de acordo com as normas judaicas, nao sendo um tipo de sepultura generalizado, sendo um tipo de enterramento dispendioso, relativamente longe de templos cristaos, bem poderiam ser tumulos Hebraicos.
Que me dizem os meus leitores acerca disto.

sábado, janeiro 28, 2006

CASA da ORCA de CORTICO "d'ALGODRES"


Este monumento megalitico encontra-se tambem situado no planalto de Algodres, mas dentro da area da freguesia de Cortico de Algodres. E constituido por uma camara de base poligonal, com cerca de 2,5 de diametro e 3 metros de altura, tem oito esteios com entrada virada a nascente, servida por um pequeno corredor, forma uma pequena mamoa, tem os esteios inclinados ao centro, com chapeu de cobertura. Ainda se podem ver, restos ja muito diluidos de pintura ocre, no interior da camara.

Foi datado de cerca de 3000 anos antes da nossa era, explorado por Leite de Vasconcelos em 1896, o espolio recolhido na altura, foi transferido para o Museu Etnografico Portugues. A cerca de vinte anos houve aqui nova intervencao por parte do GAFAL (Gabinete de Arqueologia de Fornos de Algodres). O espolio entao recolhido passou a integrar o patrimonio do CHIAFA. (Centro Historico de Investigacao Arqueologica de Fornos de Algodres)

Este Sitio Arqueologico foi considerado monumento de interesse publico, por decreto de 1 de Junho de 1992. Podera ser visitado facilmente, pois encontra-se servido por um ramal pavimentado, com ligacao a Estrada Municipal: Algodres-Maceira.
Se nao conhecem passem por la e digao algo.

quinta-feira, janeiro 26, 2006

ORCA das CORGAS MATANCA


Um erro do "scanner" (ou meu) fez com que a foto nao tenha aparecido na entrada anterior. Aqui entao a foto da Anta, Dolmen ou Casa da Orca das Corgas.

LEGADOS EM PEDRA- ORCA DAS CORGAS-MATANCA


Muitos antes de pelas "Terras de Algodres", habitarem: Judeus, Romanos, Cristaos e Mouros, (creio que a ordem esta correcta) ja ha pelo menos mais de cinco mil anos, por aqui andaram e deixaram vestigios, povos sem nome, mas que tinham pelos seus mortos grande veneracao e respeito e, construiram monumentos que se conservam ate hoje.

Assim no planalto de Algodres, na chamada "terra fria" podemos visitar dois exemplos de antas ou dolmens, que o povo da minha terra creio que sabiamente, denomina por: Casas da Orca, segundo o Monsenhor Pinheiro Marques na sua monografia "Terras de Algodres" (1938) havia pelo menos restos de um outro, em meados do seculo passado, nas proximidades de Maceira, ainda no mesmo planalto.

Hoje apresento aos meus leitores a: "Casa da Orca das Corgas", situada na freguesia da Matanca; e constituida por uma camara poligonal composta por nove esteios, um deles ja partido, coberta por um espesso chapeu, com ausencia de corredor, (nao significa que o nao tivesse na epoca da construcao) tampouco tem vestigios de mamoa, tem a abertura principal virada a nascente e, conserva restos de gravacoes serpentiformes num dos esteios.

Este monumento foi estudado e escavado por Leite de Vasconcelos, em Setembro de 1896, e, novamente intervencionado pelo Gabinete de Arqueologia de Fornos de Algodres, no ultimo quartel do seculo passado. E monumento nacional desde 1961 e parte do seu espolio pode ser apreciado no CHIAFA (Centro Historico de Investigacao Arqueologica de Fornos de Algodres)no edificio do Tribunal nesta vila.

Para quem nao conheca, aconcelho uma visita tanto ao CHIAFA como o monumento, este fica junto a estrada municipal Fornos-Matanca, a cerca de 6 quilometros da vila e, esta servido por ramal pavimentado que parte daquela estrada.

terça-feira, janeiro 24, 2006

SEMINARIO DE SAO JOSE


Este postal editado pela Camara Municipal de edicao relativamente recente, mostra como ficou o edificio do seminario, depois das obras de restauro e re-qualificacao.
Creio que aqueles que por ali passaram, e ja ha tempos la nao vao notaram uma grande diferenca para melhor.

segunda-feira, janeiro 23, 2006

SEMINARIO DE SAO JOSE


Esta foto que tem seguramento mais de trinta anos, mostra a fachada principal do edificio do Seminario de de S. Jose em Fornos de Algodres, inaugurado em 11 de Outubro de 1934. Aqui encontravam-se outrora umas casas que eram pertenca do Conde de Fornos, e, que foram cedidas a diocese de Viseu em principios do seculo passado.

Este seminario esta incluido numa extensa propriedada chamada Quinta da Costa (ou do Costa) ao fundo da qual foi construida em fins do seculo XIX a estacao de Fornos de Algodres, na linha de caminho de ferro da Beira Alta.

Relativamente perto existe a antiga quinta do Bugalho, onde se encontram restos de um antigo lagar de azeite do principio do seculo passado, e, uma casa pertenca dos Condes de Fornos de Algodres, com o seu brasao de armas.

terça-feira, janeiro 17, 2006

ABREUS Senhores de "FORNOS" III

Quando anteriormente me referi aos Albuquerques, afirmando que tinha sido um deles o primeiro Barao de Fornos de Algodres, disse tambem que os Abreus sao uma familia com mais pergaminhos na nossa vila que aqueles, entao porque razao tera sido que estes foram preteridos aquando da instituicao daquele titulo nobiliarquico?
Creio que devera ter sido por algum servico a rainha constitucional, lhe tera sido concedido, e tambem pelo facto do Barao nao ter descendencia varonil, o titulo iria terminar com ele.

Creio (caso alguem tiver outra informacao, agradeco desde ja) que os Abreus sendo uma familia da nobreza tradicional, (segundo os genealogistas ja vem do tempo do pai do nosso primeiro Rei,)esteve sempre ao lado do efemero Rei D. Miguel e de acordo com a tradicao, e, contra as "modernices" constitucionais. Provavelmente por isso e porque os Albuquerques Pimentel de Vasconcelos Soveral, de Fornos se terao dedicado ao liberal D. Pedro IV, que quando este abdicou na sua filha D. Maria II, ela tera premiado aquele senhor, provavelmente atravez de alguma informacao dos Costa Cabrais, (ministros daquela rainha) que sendo naturais de Fornos de Algodres, conheciam bem todos eles.

No entanto uns anos mais tarde apos a morte do Barao, e quando ja estava em vigor o regime da Regeneracao, a mesma rainha corrigiu o suposto erro inicial, ao conceder a Joao Maria de Abreu Castelo Branco Cardoso e Melo o titulo de Visconde, mais tarde o seu filho Rei D. Luiz elevou o mesmo a categoria de Conde.

Devo informar aos menos conhecedores que estes titulos, foram unicamente nobiliarquicos, pois nessa altura ja tinham sido abolidos, os morgadios, senhorios e outras perrogativas, pelos governos liberais.
No entanto com a excepcao dos traidores: Noronhas, os Abreus tinham sido durante mais de dois seculos senhores desta vila, pelo que o titulo estava bem entregue.

Desta familia sairam pessoas que em muito contribuiram para o engrandecimento da vila de Fornos em fins do seculo XIX e principio do seguinte, tendo estado envolvidos na construcao do hospital da Mesericordia, do Paco Municipal e do Mercado Municipal que ainda hoje conserva o nome do Conselheiro Lopo de Abreu, entre outras coisas.

domingo, janeiro 15, 2006

ABREUS Senhores de "FORNOS" II


Em principios da nacionalidade o "Lugar dos Fornos" foi um concelho reguengo, portanto propriedade regia. Em meados do seculo XIV o rei D. Fernando concedeu o senhorio de Fornos a sua filha D. Isabel de Portugal, (este senhorio incluia tambem Viseu, Celorico e creio que Azurara) como dote de casamento com conde de Guygon e Noronha.

Acontece que quando este rei morreu e nao deixou descendencia varonil, o rei de Castela invadiu Portugal defendendo os direitos de sua esposa D. Beatriz filha de D. Fernando, ao trono de Portugal (1385). Entre os muitos nobres que estiveram ao lado do rei de Castela esteve tambem o conde de Guygon e Noronha, pelo que tendo D. Joao de Castela sido derrotado primeiro em Trancoso e depois em Aljubarrota, e tendo D. Joao I, Mestre de Avis, subido ao trono Portugues, decidiu compensar os que o ajudaram e punir os que estiveram contra ele.
Foi entao que o senhorio de Fornos, foi retirado aos Noronhas e concedido aos Abreus,(Viseu foi para o infante D. Henrique, nada sei acerca das outras terras.)e, assim se manteve ate meados do seculo XVI.

Quando o rei D. Felipe I, subiu ao trono portugues, criou o condado de Linhares, dando este titulo aos Noronhas, retirando o senhorio de Fornos aos Abreus. (suponho porque os Abreus estiveram do lado portugues )
Mas como nao ha uma sem duas, ja depois da restauracao da independencia, a familia Noronha voltou a conspirar contra o rei de Portugal (D. JoaoIV), sendo entao extinto aquele condado e todos os bens dos Noronhas confiscados,(no entanto ja depois da restauracao o rei espanhol elevou o conde de Linhares a duque, no entanto ele nunca mais veio a Portugal.)Ficou entao o senhorio de Fornos e tambem de Algodres, na posse da Casa de Braganca e poucos anos depois passou para recem criada Casa do Infantado, onde se manteve ate as revolucoes liberais do seculo XIX.

PS: Na foto o solar dos Abreu Castelo Branco "Casa da Torre"

sexta-feira, janeiro 13, 2006

ABREUS Antigos Senhores de FORNOS I


Como referi em entrada anterior, a mais antiga e prestigiosa familia de Fornos mais tarde chamada de "Algodres", nao e a Familia Albuquerque, mas sim a familia Abreu. Embora com origem no Minho, ja existe documentada nesta vila desde o principio do seculo XV.

Nessas alturas Fornos que era concelho reguengo, tendo entao D. Joao I passado o senhorio desta vila para a familia Abreu e ai se prolongou ate que no seculo XVII, entao com a criacao do condado de Linhares, foi-lhes retirado este senhorio e concedido aqueles condes que eram da familia Noronha.

Na foto vemos a capela brasonada de Na. Sa. da Anunciada, englobada no solar destes Abreus Castelo Branco, este solar coma sua torre medieval, e conhecido por Casa da Torre, o que originou que uma rua adjacente a propriedade, ainda hoje se identifica por: Rua da Torre.

PARABENS LELLO (a livraria!)

Todos os que como eu gostam de ler, ficaram satisfeitos em constactar o aniversario do centenario da bela livraria Lello, da cidade do Porto.
Dizem os entendidos que e a mais bonita livraria do mundo, e de facto bonita e funcional para quem tem 100 anos nem tem rugas nem nada.

quinta-feira, janeiro 12, 2006

BRASAO DOS ALBUQUERQUES SOVERAL


Este Brasao dos Albuquerques Pimentel de Vasconcelos e Soveral, encontra-se sobre o arco de entrada para o solar desta familia, na Rua da Torre na parte antiga da vila de Fornos.
Foi um membro desta familia o primeiro e unico Barao desta vila, no tempo de D. Maria II.
Porque sera que esta familia colocou uma cruz a encimar o referido brazao?
Outra coisa estranha, porque razao tera a rainha dado este titulo a esta familia, sabendo nos que aqui havia uma familia muito mais antiga e com mais pergaminhos? Estou a referir-mos aos Abreus, mas essa e uma historia que seguira noutra altura.

quarta-feira, janeiro 11, 2006

Fonte da Quinta do casainho INFIAS


Aqui esta a foto da fonte da Quinta do Casainho, Como podem ver tem o brazao de armas da familia Melo, Esta familia de origem patronimica Teve origem na antiga vila de Melo, no vizinho concelho de Gouveia, desconheco neste momento que ramo tera passado a Infias, embora os proprietarios desta quinta ja nao usem o papelido Melo, ainda existem muitas pessoas com esse apelido nesta aldeia e, ate os familiares da minha esposa ainda sao aparentados com os Melos.

terça-feira, janeiro 10, 2006

CASAINHO INFIAS


Um triste exemplo de como o patrimonio das nossas terras se vai desmoronando aos poucos. Esta foto foi tirada ha mais de dez anos, hoje estara muito pior senao ja totalmente desmoronada.
Este edificio que data do seculo XVI, era a residencia da familia Costa Cabral na Quinta do Casainho, junto a antiga vila de Infias.

Esta familia no entanto devera ter tido origem na familia Melo, pois junto da casa numa antiga fonte encontram-se as armas daquela familia. Creio que foi no primeiro quartel do seculo XX, que a familia passou a usar uma pequena casa que reconstruiu no lugar de uma capela arruinada, e esta casa passou a ser usado pelos "caseiros" da quinta, pois a familia a semelhanca de quase todas decidiu mudar-se de armas e bagagens para capital.

Que pena deixarem cair esta antiga casa quase medieval, enquanto relativamente perto edificaram uma nova casa de ferias descaraterizada mas dentro dos gostos dos nossos seculos. E caso para dizer que da Deus as nozes a quem nao tem dentes. Quantos de nos nao desejariamos possuir uma casa assim para reconstruir-mos e adaptar-mos interiormente as comodidades da nossa vida moderna.

PARABENS FRANCISCO

Quero muito humildemente enderecar os meus parabens ao Francisco Jose Viegas, pela sua colocacao a frente da casa Pessoa.
O Francisco que no inicio ainda recente deste blog, fez o favor de divulgar este simples blog, e, eu nao fiz mais do uma obrigacao, mas muito mais que isso foi com muito prazer que coloquei um link do seu blog (vejam Origem das Especies)neste blog.
Desejo-lhe muitas venturas nessas suas novas responsabilidades e, creio que os meus leitores tambem.

HISTORIA JUDAICA & OUTRAS HISTORIAS

Quando iniciei este blog informei que tinha (e tenho) a finalidade de investigar a historia judaica nas "Terras de Algodres" concelho de Fornos de Algodres. Tinha esperancas de ter colaboracao de naturais e residentes no meu concelho, mas ou a minha gente nao e dada a estas coisas dos blogs, ou a questao judaica continua a ser tabu por estas bandas.
Sem desanimar e porque me comeca a faltar materia sobre o tema foi que comecei a divulgar coisas que as vezes nao estavam relacionadas com o tema fundamental, continuarei a faze-lo sempre com a esperanca de colaboracao dos meus conterraneos.
Por isso nao se admirem que por vezes o tema judaico nao apareca ao lume. A razao e que me falta materia, tem muito que ver com o facto, de me encontrar longe dos meios de consulta, pois vivo muito longe neste momento.
Vou continuar mas queria deixar esta explicacao, ao mesmo tempo agradecer as palavras de apoio, muitas vezes de gente que nem sao das "terras de Algodres"

BEM HAJAM

segunda-feira, janeiro 09, 2006

CAPELA DA SENHORA DAS DORES


Situada num adro com entrada pela rua Dr. Fernando Menano, na vila de Fornos, encontra-se virada para a vertente norte da nossa Estrela,(a serra)lugar donde se pode admirar uma paisagem encantodora.

Esta capela foi edificada em 1888, com as pedras de uma outra muitissimo mais antiga, de invocacao do Espirito Santo, (mas quem houve designa-se por Santo Estevao) e, se localizava junto a rua do mesmo nome, em Fornos de Algodres.

Foram para aqui transportadas as pedras e feita a construcao, porque a antiga referida capela, que datava pelo menos do seculo XVI, se encontrava arruinada e profanada desde o tempo da terceira invasao franceza em 1810, tendo nessa altura sido usada como cadeia ao servico daquelas tropas.

Aquela capela do Espirito Santo era uma capela do povo e teve irmandade propria que por sua vez administrava o hospital que entao ja existia nesta vila, pelo menos desde 1573, (suponho que a este hospital teram tido ligacao os judeus e, a designacao do Espirito Santo ate foi adoptada para apelido de algumas familias de cristaos-novos).
Foi nesta antiga capela que em 1666 se instituiu a Mesericordia, tendo esta irmandade por essa data apossado-se da capela, do hospital e de outras propriedades de sua pertenca, contra a vontade de muita gente entre os quais o abade da freguesia de S. Miguel de Fornos.

Tera sido a partir da data da conclusao da igreja da Mesericordia (1769), que esta capela tera entrado em desuso e, tera sido isso que originou o facto dela ter sido usada para cadeia, nunca tendo sido reabilitada foi demolida em 1888. Em seu lugar foi edificado um cruzeiro, demolido aquando da implantacao da republica, tendo sido novamente edificado outro ja durante o estado novo, alem dele havia ate a cerca de 20 anos um marco de pedra com uma inscricao, referindo aquela capela. (presentemente desconheco o seu paradeiro)

Esta Capela da Senhora das Dores foi edificada nos terrenos da Santa Casa na mesma altura em que se construiu o hospital primitivo, que se localizava onde hoje se situa o lar da Mesericordia, (em obras) no Chao da Biquinha, assim identificado por ai se localizar uma pequena nascente de agua, que mais tarde a referida irmandade canalizou para fonte incrustada no muro dos terrenos do Hospital.
E uma capela de reduzidas dimensoes, renascentista com registos barrocos tardios e, com um pequeno campanario estilo romanico sobre o timpano da facha posterior.

sexta-feira, janeiro 06, 2006

DIA DE REIS

Embora a biblia unicamente faca referencia a uns magos que vinham do oriente, a tradicao crista refere-se a eles como reis. Nos primeiros tempos em que o cristianismo foi adoptado pelo Imperio Romano, decidiram consagrar este dia que teria sido a revelacao de Cristo ao mundo, como o dia do nascimento de um menino judeu, a quem foi posto o nome de Yeshua, que mais tarde com deficiente traducao, passou a ser identificado por Jesus, a quem os gregos chamaram Cristo.

Quando o ramo romano da igreja catolica decidiu colocar, (erroneamente segundo os entendidos) o nascimento desse menino no dia 25 de Dezembro, essa mesma directiva nao foi seguida pelo ramo ortodoxo da igreja catolica, pelo que ainda hoje e por volta deste dia que eles (os ortodoxos) celebram o natal.

Nos os ocidentais, temos seguido sem grande discordancia, as directivas da igreja de Roma e, portanto neste dia 6 de janeiro de cada ano, celebramos (quem celebra) o dia de Reis ou Epifania. (revelacao de Cristo)

Este dia, em que os magos ofereceram presentes ao menino, deveria ser (para seguir a tradicao) o dia da oferta das prendas as nossas criancas e, nao o dia 25 de Dezembro.
Embora seja eu bastante relutante em concordar com "nuestros hermanos", neste ponto eles ate estao mais certos que nos, pois ainda hoje continuam a celebrar os Reis, com um feriado nacional e, e neste dia que "repartem los regalos".

E tambem neste dia que oficialmente (a minha mae sempre disse que nao foi neste dia que nasci e, quem sou eu para contraria-la) celebro mais um ano de vida. Por isso enquanto desejo um feliz dia de Reis a todos os meus amigos leitores, espero que o menino com o nome judaico de: Yeshua, se, na verdade era o filho de D-us, tenha a bondade de conceder a este simples mortal, mais uns anitos de vida.

quinta-feira, janeiro 05, 2006

CALVARIO - VILA CHA "d'ALGODRES"


Depois do concilio de Trento e quando se comecaram a implementar as suas directivas, mas principalmente depois do edito de expulsao dos judeus em Portugal, comecou a igreja catolica a enfatizar muito mais o sacrificio de Jesus, do que a mesericordia de Deus.

Foi entao que se promoveram e construiram as vias sacras e os calvarios por todo o pais e a nossas "Terras de Algodres" nao foram excepcao, Creio que esta manifestacao era para enfatizar o crime dos judeus, que segundo a igreja catolica e contrario a historia foi quem matou Jesus. Dentre os varios calvarios que ainda hoje permanecem, existe este em Vila Cha, fica situado a cerca de 300 metros do centro da aldeia a beira de um caminho medieval ou ate romano que passava pela Aldeia das Cortes (hoje em ruinas) e constituido por uma plataforma com degraus onde ficam tres sulcos para a implantacao de cruzes de madeira, sendo o central numa base mais elevada.

Recentemente a junta da freguesia,(suponho eu) decidiu implantar no lugar onde se deveriam colocar cruzes de madeira, tres cruses de granito polido, talvez pensassem que estavam a fazer um excelente trabalho, mas em minha opiniao e creio que concordaram comigo os entendidos em historia de arte, deveriam em vez de tapar os sulcos com aquelas cruzes, era colocar neles cruzes de madeira que podia ser tratada para poder resistir a intemperie, ou entao deixar o calvario como esteve por anos e anos.

Espalhados pela aldeia ficavam os varios passos da via sacra, desconheco a sua localizacao com a excepcao do ultimo antes do calvario, que se encontra a cerca de 50 metros incorporado num muro, e uma pequena plataforma em cantaria, que a semelhanca do calvario tem ao centro um pequeno sulco para a implantacao de uma cruz de madeira.

ANTIGA ESCOLA DE FORNOS e a ABADIA


Esta foto de um antigo postal (OCOGRAVURA LDA.-RUA D.Pedro V, 18 LISBOA) nao tem data, mas estou convicto que datara da decada trinta do seculo passado. Aqui se ve a antiga escola primaria de Fornos de Algodres, ficava situada na antiga Rua da Igreja; hoje Rua Carlos.....Pereira, (omiti o nome na totalidade porque de tao longo e dificil de recordar e, alem disso e uma disparidade um nome tao longo numa rua)

Este edificio foi demolido em finais da decada de sessenta e, em seu lugar foi edificada a escola preparatoria Lopo de Abreu, tambem ela ja extinta restando unicamente o edificio, (Um "caixote" sem nenhum interesse arquitetonico) e o muro de vedacao que era comtemporaneo da antiga escola.

Esta escola construida em principios do seculo XX, foi-o no local em que houve outrora a antiga abadia da Igreja de S. Miguel, portanto residencia dos abades titulares da paroquia de: "Sancti Michaelis", de que ha referencia nas inquiricoes de D. Afonso III em 1258. Por essa altura era prelado desta igreja "Stephanvs Mvniz".

No entanto a igreja e muitissimo mais antiga, ja existia em 1170 e, era nela que recebiam os sacramentos os habitantes, do Couto da Granja da Figeirola, que pertencia ao convento de S. Joao de Taroura. Naquela granja ou quinta mais tarde nasceu a povoacao de Figueiro da Granja, que chegou a ser vila e concelho no seculo XV.

Sabe-se tambem que esta mesma Igreja de Sao Miguel, foi em 1320 taxada por D. Dinis em 50 libras, pelo espaco de tres anos para a guerra contra os Mouros. Noutra entrada me referirei com mais detalhe a Igreja.

O terreno nas trazeiras destes edificios, e o passal da abadia e ainda hoje e propriedade da igreja matriz de Fornos, havendo um projecto para ai se construir um centro paroquial.

quarta-feira, janeiro 04, 2006

Ainda as JANEIRAS

Embora tenha respondido a alguns amigos nos comentarios, quero deixar mais publicamente outras quadras, que vem em seguimento de outros comentarios passados:

Aqui nas Terras de Algodres
Mesmo no tempo do frio,
Recebemos os bons amigos
Com bom vinho e peixes do rio

Nao sei se serao janeiras
Pois inda nao tenho a certeza,
Poderam ser fevereiras
mas vai serao uma beleza

terça-feira, janeiro 03, 2006

JANEIRAS Continuacao

Em agradecimento ao amigo Antonio Tavares,(http://www.neoarqueo.blogspot.com) pela deferencia num comentario, quero incluir uma outra quadra que nos tempos se cantava nas Janeiras das "Terras de Algodres" mas provavelmente tambem nas "Terras de Tavares e Azurara". Queria tambem deixar um repto aos amigos leitores. Que tal divulgarem as quadras de que os meus amigos se lembram, nas janeiras da nossa Beira?

Viva la o amigo Antonio
Que bem lhe fica o chapeu,
Quando vai para a igreja
Parece um anjo do ceu.

segunda-feira, janeiro 02, 2006

ANTIGO PACO MUNICIPAL E PELOURINHO


Dentro malha urbana da antiga urbe, e junto aos solares dos Abreus (antigos senhores da vila) e dos Lacerdas encontramos a antiga casa da "camera" e este pelourinho; foi restaurado em 1933 restando do original destruido no seculo XIX, o primeiro terco da coluna e a base e o chapeu da "gaiola".

Esta localidade em principios da nacionalidade era: "Lugar dos Fornos" foi terra reguenga (propriedade real) e embora queiram que tenha tido foral por D. Dinis em 1314, disso nao ha evidencia, pois sempre se geriu pelos forais do concelho de Algodres. Ha documentos do seculo XVI que se lhe referiam como "Fornos junto a Algodres" e do seculo XVIII como: "Fornos a par de ALgodres"
Quando da reorganizacao de 1836 foram extintos os concelhos de Algodres, Figueiro da Granja, Matanca, Infias e Casal do Monte e incorporados ao de Fornos, foi decidido que oficialmente se designaria por "Fornos de Algodres", porque ate essa data aquele era o concelho mais importante tanto historicamente como em populacao.

O edificio municipal onde presentemente se encontra a sede da junta de freguesia, data do reinado de D. Joao VI tendo na fachada, as armas reais do reino unido de Portugal e Brasil e Algarve.

JANUS JANEIRO JANEIRAS

Para alem do patrimonio construido, existe tambem um outro muito mais vasto, que inclui o cultural e o oral, que nos foi e vai sendo passado e modificado pelas varias geracoes com o passar dos tempos. Nesta altura do ano em que cristaos festejam o Natal e a Epifania,(revelacao de Jesus aos gentios)Que celebramos a entrada do ano novo cristao, com festas e folias a lembrar as Saturnais e as Bacanais e, em que os Judeus estao a terminar os oito dias do Hannukah. Ha entre a nossa gente da Beira e, tambem em Terras de Algodres um costume que tem talvez muito ainda de pagao,mas com embora com arremedos da caridade e dos ensinamentos Judaico-Cristaos. Estou a referir-me ao cantar das Janeiras.

Para aquelas geracoes mais recentes e essencialmente urbanas, vai uma simples explicacao do que consistiam: Grupos de criancas durante o dia e de adultos (normalmente jovens) mais ao entardecer e a noite, iam de casa em casa cantando alegremente e saudando os moradores, enquanto davam a boa nova de um Ano Novo recem nascido, sendo no final dos varios canticos presenteados com com petiscos, doces e bebidas.

Era uma tradicao que me era muito cara e, ainda nao minha vintena de anos fui um dos organizadores de um grupo que religiosamente e logo que batiam as doze badaladas da meia noite, ia cumprir esta tradicao as habitacoes da gente da minha terra adoptiva: Fornos Gare. Como reminiscencias do Solsticio que normalmente era cerca de uma semana antes, faziamos uma emorme fogueira no largo da fonte, onde por entre estorias, bebidas e brincadeiras, esperavamos a passagem de um velho para um ano novo entao, ja sem frio ou pelo calor do braseiro,ou pela ingestao das referidas bebidas, era o toca a andar rua acima rua a baixo a cantar as casas que ainda a essa hora tinham luz acessa, sinal de que estavam acordados e, alguns ficavam-no com prazer so para compartirem a nossa alegria nesta visita anual. Que saudade e pena de nao puder agora participar nas janeiras que da minha terra desapareceram com a dispercao deste belo grupo de amigos. Caso algum deles leia esta lembranca, daqui lhe envio um abraco de amizade e votos de umas boas Janeiras e feliz 2006.

Aqui deixo algumas quadras, que passadas de geracao em geracao me chegaram, algumas delas cantadas nessas janeiras ja tao distantes.

Levante-se dai senhora
desse banquinho de prata,
venha-nos dar a janeira
que esta um frio que mata.

Estas casas sao bem altas
forradas de papelao,
o senhor que mora nelas
e um grande cidadao.

Levante-se dai senhora
desse banco de cortica,
venha-nos dar a janeira
ou de carne ou de chourica.

Venham-nos dar a janeira
se no-la quizerem dar,
nos somos de muito longe
nao pudemos ca voltar.

Normalmente antes da abertura da porta era costume cartar-se esta quadra.

Inda lhe cantamos mais uma
em louvor a Sao Joao,
nao lhe cantamos mais nenhuma
sem saber o que nos dao.

Ja quando se tinha comido e bebido, cantavasse esta quadra em agradecimento.

A janeira que nos deram
Deus sera o pagador,
queira ele que de hoje a um ano
nos faca o mesmo favor.

Tambem era habito quando as portas se nao abriam, cantarem-se algumas quadras menos respeitaveis, (perdoem a frontalidade) mas que tambem fazem parte da tradicao que se deseja se nao perca, dentro de-las lembro-me das seguintes.

Estas casas sao bem altas
forradas de pano cru,
os senhores que moram nelas
tem um buraco no cu.

Levante-se dai senhora
dessa cadeirinha torta,
venha-nos dar a janeira
senao cagamos-lhe a porta.

UM FELIZ ANO DE 2006.